As expectativas do mercado confirmaram-se. A EDP e a Martifer são as vencedoras do concurso para a construção da central hidroeléctrica de Ribeiradio, no rio Vouga, com uma capacidade instalada de 70 MW.
Uma conquista assegurada, sem luta, na secretaria, depois do único candidato a apresentar uma proposta concorrente, a Galp em parceria com a Enersis, ter sido afastado devido a uma formalidade técnica: um embrulho mal feito.
Um erro, que apesar de ser considerado sanável pela Galp/Enersis e de não contar com a oposição do consórcio formado pela EDP/Martifier, mereceu parecer negativo do júri do concurso.
O projecto de Ribeiradio, o primeiro que se realiza em Portugal após a liberalização plena do mercado eléctrico e que é considerado um balão de ensaio para os novos concursos que se avizinham, já nasceu envolto em polémica.
Apesar de ter despertado o interesse de várias empresas, a desilusão instalou-se assim que saiu o caderno de encargos lançado pelo Instituto Nacional da Água.
Além de considerarem o prazo para entrega das propostas extremamente curto, uma premissa do concurso deixou o sector em polvorosa: a exigência de experiência na operação de centrais com mais de 30 MW.
Uma limitação que deixa de fora todas as empresas com interesses na área das renováveis, como é o caso da Enersis, que exploram pequenas centrais hídricas, as quais por imposição da legislação não podiam ter mais de 10 MW. Requisito que afasta ainda a Galp e a Martifer. Um problema que esta última resolveu, associando-se à EDP, a única eléctrica, além das espanholas, que satisfaz esta exigência.
Outra questão contestada prende-se com a impossibilidade de se poderem apresentar propostas alternativas à da Martifer, a primeira empresa a mostrar interesse por esta localização. A concorrência via-se assim obrigada a contemplar duas barragens reversíveis, o que não permite marcar a diferença das propostas, queixa-se a concorrência.
Razões que levaram a Galp/Enersis a optar por não recorrer da decisão do júri, preferindo o que no sector se designa por acumular capital de queixa para os próximos concursos.
Apesar de formalmente ainda não ter sido notificada da vitória, a EDP vê novamente reforçados os seus activos na área da produção, depois de ter assegurado, não só a luz verde de Bruxelas para avançar com a central hidroeléctrica do Baixo Sabor, como a concessão da exploração da barragem do Alqueva.
Fortemente contestada pela concorrência pela posição de hegemonia que continua a manter na área da produção, a EDP garante, no entanto, que irá participar na corrida a todos os projectos que sejam lançados pelo Governo.
Para a Martifer, esta será a estreia na produção hidroeléctrica depois de ter ganho, juntamente com a Galp e a Enersis, o concurso para a atribuição de 400 MW de licenças eólicas. O grupo liderado por Carlos Martins garantiu ao DE que esta é uma área que está a desenvolver na Roménia e que irá igualmente posicionar-se para os próximos concursos em Portugal.
Com a devida vénia do Diário Económico (07/11/2007)
11 comentários:
Vamos lá ver se é desta que a barragem "vai" para a frente.
Para trás é que era novidade.
Defacto a efectivação da barragem em Couto de Esteves, trará contributos significativos nas questões de mobilidade e até para inverter o isolamento desta freguesia quase esquecida. As estatísticas do INE traduzem uma tendência demográfica decrescente no que diz respeito à freguesia do Couto.
Aguardamos com espectativa que a barragem possa inverter este curso, não só do Couto mas do próprio concelho em geral.
Considero ainda um factor positivo para o desenvolvimento local não só da central hidroeléctrica mas termos uma empresa com raízes severenses nessa empreitada.
Parabéns pelo excelente blogue. Foi, por isso,acrescentado à lista de links do DesportoAveiro.
Abraço.
SERA DESTA OU SERA MAIS UMA VEZ UMA ILOSAO OS RIBEIRADIENSESPARA MIM SERIA UM ORGULHO,MAS TENHO AS MINHAS DUVIDAS
Nao quero ser desagradavel mas a barragem ter o nome de »Barragem de Ribeiradio« é uma enorme "falta de respeito" para com a Freguesia de Couto de Esteves como para o Conselho de Sever do Vouga! Na opiniao de muitos habitantes de ambas as freguesias (Couto e Ribeiradio) o nome da barragem devia conter o nome de ambas as freguesias !
Claro que é optimo para dimanizar um zona esquecida.
penso que o impacto ambiental irá mudar pela positiva e negativa.
Penso que será uma obra que vai unir as duas margens e orgulhar as populações locais.
Já ontem era Tarde...........
Oiço falar da “Barragem de Ribeiradio” desde bem pequeno,
Minha mãe também,
Meus avós já dela faziam um mito,
E meus bisavós por causa dela choraram…
Como moradora em Couto de Esteves sou a favor da construção desta barragem, para o bem (melhoramento dos acessos e vias de comunicação da aldeia) e para o mal (impacto ambiental que irá afectar a agricultura).
Como moradora em Couto de Esteves, não percebo porque é que vou ter uma barragem a galgar a minha terra com o nome de Ribeiradio?!
Penso que Sever do Vouga devia ter vergonha disto!Porque eu tenho!
Gostava de saber para que tanta ansia pela parte do povo acima da barragem ? é que as vantagens serao muito poucas ou nenhumas...pensam que as terras vao valer mais para turismo? estao bem enganados a esta hora a martifer ja esta a ver onde ha de comprar terrenos ao desbarato para depois classificar de area turistica... esperem para ver as vantagens
Eu até já sei onde vai ser esse terreno turistico que a Martifer vai usar, 10 hectares planos para o estaleiro da barragem, que está a ser comprado a 0,70 euros, e mesmo sem fazer parte da barragem (é um estaleiro) estão a tentar colocar esses terrenos na DUP ( declaração de utilidade pública)
Temos que ficar com o pior da barragem ( O melhor será mais para montante) , e ainda por cima temos que "dar" os terrenos do nosso descontentamento.
Enviar um comentário