07 novembro 2007

Galp perdeu Barragem de Ribeiradio por erro burocrático

O concurso para a barragem de Ribeiradio foi ganho pela EDP, depois do afastamento da Galp por uma formalidade.

As expectativas do mercado confirmaram-se. A EDP e a Martifer são as vencedoras do concurso para a construção da central hidroeléctrica de Ribeiradio, no rio Vouga, com uma capacidade instalada de 70 MW.

Uma conquista assegurada, sem luta, na secretaria, depois do único candidato a apresentar uma proposta concorrente, a Galp em parceria com a Enersis, ter sido afastado devido a uma formalidade técnica: um embrulho mal feito.

Um erro, que apesar de ser considerado sanável pela Galp/Enersis e de não contar com a oposição do consórcio formado pela EDP/Martifier, mereceu parecer negativo do júri do concurso.

O projecto de Ribeiradio, o primeiro que se realiza em Portugal após a liberalização plena do mercado eléctrico e que é considerado um balão de ensaio para os novos concursos que se avizinham, já nasceu envolto em polémica.

Apesar de ter despertado o interesse de várias empresas, a desilusão instalou-se assim que saiu o caderno de encargos lançado pelo Instituto Nacional da Água.

Além de considerarem o prazo para entrega das propostas extremamente curto, uma premissa do concurso deixou o sector em polvorosa: a exigência de experiência na operação de centrais com mais de 30 MW.

Uma limitação que deixa de fora todas as empresas com interesses na área das renováveis, como é o caso da Enersis, que exploram pequenas centrais hídricas, as quais por imposição da legislação não podiam ter mais de 10 MW. Requisito que afasta ainda a Galp e a Martifer. Um problema que esta última resolveu, associando-se à EDP, a única eléctrica, além das espanholas, que satisfaz esta exigência.

Outra questão contestada prende-se com a impossibilidade de se poderem apresentar propostas alternativas à da Martifer, a primeira empresa a mostrar interesse por esta localização. A concorrência via-se assim obrigada a contemplar duas barragens reversíveis, o que não permite marcar a diferença das propostas, queixa-se a concorrência.

Razões que levaram a Galp/Enersis a optar por não recorrer da decisão do júri, preferindo o que no sector se designa por acumular capital de queixa para os próximos concursos.

Apesar de formalmente ainda não ter sido notificada da vitória, a EDP vê novamente reforçados os seus activos na área da produção, depois de ter assegurado, não só a luz verde de Bruxelas para avançar com a central hidroeléctrica do Baixo Sabor, como a concessão da exploração da barragem do Alqueva.

Fortemente contestada pela concorrência pela posição de hegemonia que continua a manter na área da produção, a EDP garante, no entanto, que irá participar na corrida a todos os projectos que sejam lançados pelo Governo.

Para a Martifer, esta será a estreia na produção hidroeléctrica depois de ter ganho, juntamente com a Galp e a Enersis, o concurso para a atribuição de 400 MW de licenças eólicas. O grupo liderado por Carlos Martins garantiu ao DE que esta é uma área que está a desenvolver na Roménia e que irá igualmente posicionar-se para os próximos concursos em Portugal.


Com a devida vénia do Diário Económico (07/11/2007)

11 comentários:

Vougario disse...

Vamos lá ver se é desta que a barragem "vai" para a frente.

Anónimo disse...

Para trás é que era novidade.

Anónimo disse...

Defacto a efectivação da barragem em Couto de Esteves, trará contributos significativos nas questões de mobilidade e até para inverter o isolamento desta freguesia quase esquecida. As estatísticas do INE traduzem uma tendência demográfica decrescente no que diz respeito à freguesia do Couto.
Aguardamos com espectativa que a barragem possa inverter este curso, não só do Couto mas do próprio concelho em geral.
Considero ainda um factor positivo para o desenvolvimento local não só da central hidroeléctrica mas termos uma empresa com raízes severenses nessa empreitada.

Pedro Neves disse...

Parabéns pelo excelente blogue. Foi, por isso,acrescentado à lista de links do DesportoAveiro.
Abraço.

R.SHEIKH disse...

SERA DESTA OU SERA MAIS UMA VEZ UMA ILOSAO OS RIBEIRADIENSESPARA MIM SERIA UM ORGULHO,MAS TENHO AS MINHAS DUVIDAS

Anónimo disse...

Nao quero ser desagradavel mas a barragem ter o nome de »Barragem de Ribeiradio« é uma enorme "falta de respeito" para com a Freguesia de Couto de Esteves como para o Conselho de Sever do Vouga! Na opiniao de muitos habitantes de ambas as freguesias (Couto e Ribeiradio) o nome da barragem devia conter o nome de ambas as freguesias !

Anónimo disse...

Claro que é optimo para dimanizar um zona esquecida.

penso que o impacto ambiental irá mudar pela positiva e negativa.

Penso que será uma obra que vai unir as duas margens e orgulhar as populações locais.

Já ontem era Tarde...........

não disse...

Oiço falar da “Barragem de Ribeiradio” desde bem pequeno,
Minha mãe também,
Meus avós já dela faziam um mito,
E meus bisavós por causa dela choraram…

Daniela Costa disse...

Como moradora em Couto de Esteves sou a favor da construção desta barragem, para o bem (melhoramento dos acessos e vias de comunicação da aldeia) e para o mal (impacto ambiental que irá afectar a agricultura).
Como moradora em Couto de Esteves, não percebo porque é que vou ter uma barragem a galgar a minha terra com o nome de Ribeiradio?!
Penso que Sever do Vouga devia ter vergonha disto!Porque eu tenho!

olifradense disse...

Gostava de saber para que tanta ansia pela parte do povo acima da barragem ? é que as vantagens serao muito poucas ou nenhumas...pensam que as terras vao valer mais para turismo? estao bem enganados a esta hora a martifer ja esta a ver onde ha de comprar terrenos ao desbarato para depois classificar de area turistica... esperem para ver as vantagens

Anónimo disse...

Eu até já sei onde vai ser esse terreno turistico que a Martifer vai usar, 10 hectares planos para o estaleiro da barragem, que está a ser comprado a 0,70 euros, e mesmo sem fazer parte da barragem (é um estaleiro) estão a tentar colocar esses terrenos na DUP ( declaração de utilidade pública)

Temos que ficar com o pior da barragem ( O melhor será mais para montante) , e ainda por cima temos que "dar" os terrenos do nosso descontentamento.