05 agosto 2007

Sever do Vouga: Chamas ameaçaram casas

A população de Sever do Vouga ainda estava a almoçar quando as chamas começaram a galgar pela encosta da Ermida em direcção a Pessegueiro do Vouga, chegando a rondar algumas casas e provocando o pânico em vários moradores que recorreram a todos os meios para defender os seus bens.

Cerca das 13.30 horas, numa altura em se atingia um pico de calor, as chamas começaram a lavrar «desfavoravelmente» encosta acima, «em direcção às povoações, segundo o comandante dos Bombeiros de Albergaria-a-Velha, Ricardo Bismark. O fogo avançou, ameaçadoramente, «num curto espaço» em forma de «V», alargando cada vez mais a sua frente, obrigando a deslocar para o local meios suplementares: «três helicópteros, um deles associação de empresas do sector papeleiro e de celulose AFOCELCA e dois aviões pesados Beriev».
Só cerca das 17 horas as chamas foram circunscritas, numa altura em que já chegavam às portas da sede da vila. Ao final da tarde, cerca de uma centena de bombeiros de várias corporações do distrito, apoiados por três equipas dos GIP’s da GNR e sapadores florestais, mantinham-se no terreno acorrendo aos vários reacendimentos que se iam verificando.
O cair da noite e a consequente baixa de temperatura eram, segundo os bombeiros, a ajuda fundamental para levar com sucesso as operações de rescaldo que se previam, à hora do fecho desta edição, serem muito demoradas. De acordo com as fontes, foi consumida uma vasta área de eucaliptal e pinhal.
Pânico
«Comecei a sentir o cheiro a fumo e quando vim cá fora vi as faúlhas a passarem-me por cima da cabeça», explicava uma moradora de Pessegueiro do Vouga, entre uma corrida para levar baldes de água aos homens que tentavam molhar o terreno circundante da casa.
Mangueiras, alfaias agrícolas, ramos de árvores, tudo servia para tentar combater as chamas. Outros, com menos forças para enfrentar a desgraça, que não chegou a acontecer, afagavam-se nos braços dos amigos em choro sufocado. O choro e o desespero de quem viu o fogo rondar a casa «construída com o suor de uma vida» era o cenário adicional ao ar cinzento que pintou os céus das freguesias de Sever e Pessegueiro do Vouga.
Cidália Pereira estava fora de casa quando os vizinhos a avisaram que o fogo estava quase a «engolir» a sua casa. «Nem sei como cheguei de Albergaria aqui. Ai meu Deus», gritava, não se cansando de pedir aos bombeiros que não deixassem as chamas avançarem. Francisco Manuel
Com a devida vénia, do Diário de Aveiro (04.08.2007)

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