05 agosto 2007

Casas e fábrica ameaçadas em Sever do Vouga

Algumas casas e, pelo menos, uma fábrica no lugar de Sobral escaparam, por pouco, às chamas, em Sever do Vouga, onde lavrou, durante a tarde de ontem, um dos incêndios florestais de maiores dimensões deste ano.

As temperaturas elevadas, o acidentado do terreno e os acessos estreitos e sinuosos, aliados a um tipo de povoamento disperso, tudo agravado por a algum vento que se fez sentir, fizeram recear o pior. Mas as chamas acabaram por poupar as casas e outras construções, nos lugares de Paredes, Feira Nova, Sobral e Cascalheira, na freguesia de Pessegueiro do Vouga, deixando, no entanto, atrás de si, um rasto bem visível de destruição e, consequentemente, elevados prejuízos materiais, para além de uns quantos sustos.

As primeiras estimativas apontam para a perda provável de uma área de floresta da ordem dos quatro quilómetros quadrados, que se estende das margens do rio Vouga até às portas da vila de Sever do Vouga e é maioritariamente constituída por eucaliptos.

De acordo com a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), as chamas terão irrompido, violentamente, por volta das 13.30 horas, próximo de Ermida, um lugar da freguesia de Pessegueiro do Vouga, situado na margem direita do rio Vouga, e chegou a ter várias frentes ao longo da tarde.

Segundo fonte dos bombeiros, tratou-se de uma "deflagração violenta", tendo as chamas derivado, rapidamente, em várias frentes.

"O primeiro foco começou na Cascalheira. Imediatamente a seguir, apareceu outro em Paredes e, num espaço de meia hora, surgiu um terceiro foco de incêndio, atrás do campo de futebol do Pessegueirense, que foi rapidamente extinto por um helicóptero. Todos junto à estrada", testemunha, mostrando "alguma estranheza", o presidente da Junta de Freguesia.

João Henriques foi das primeiras pessoas a chegar ao local do primeiro foco de incêndio. "Era uma fogueirita. Se tivéssemos alguns meios, na freguesia, não tinha atingido estas proporções", diz o autarca.

O incêndio foi combatido, durante toda a tarde, por cerca de uma centena de bombeiros, pertencentes a 14 corporações, desde Espinho à Pampilhosa, apoiados pelas brigadas de intervenção da GNR e da Protecção Civil de Sever do Vouga, tendo sido utilizadas cerca de duas dezenas e meia de viaturas, dois aerotanques pesados Beriev e dois helicópteros.

A Autoridade Nacional de Protecção Civil chegou a dar as chamas como circunscritas, pouco depois das 17 horas. Mas, de repente, quando o incêndio, na margem direita, parecia controlado, as chamas galgaram o rio, para o lado de Cedrim do Vouga, na margem esquerda, onde voltaria a haver um breve reacendimento, mais tarde, por voltas das 19 horas. José C. Maximino
Com a devida vénia, do Jornal de Notícias (04.08.2007)

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